
A partir de 1º de maio de 2025, começa a valer a nova tabela progressiva mensal do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). A principal mudança é a ampliação da faixa de isenção, que passa a abranger rendimentos de até R$ 2.824,00 por mês, devido à combinação entre o limite da primeira faixa (R$ 2.259,20) e o desconto simplificado mensal de R$ 564,80.
Essa alteração consta na Medida Provisória nº 1.294/2024, publicada em 1º de maio de 2024, que ajusta as faixas da tabela progressiva mensal do IR. A nova estrutura é válida para salários recebidos a partir de maio e será aplicada na declaração de ajuste anual em 2026.
O governo afirma que, com essa medida, 15,8 milhões de brasileiros ficarão isentos do Imposto de Renda, reforçando o compromisso de isentar quem recebe até dois salários mínimos. A nova tabela terá a seguinte configuração:
Faixa salarial (R$) | Alíquota | Parcela a deduzir (R$) |
---|---|---|
Até 2.259,20 | Isento | 0,00 |
De 2.259,21 até 2.826,65 | 7,5% | 169,44 |
De 2.826,66 até 3.751,05 | 15% | 381,44 |
De 3.751,06 até 4.664,68 | 22,5% | 662,77 |
Acima de 4.664,68 | 27,5% | 896,00 |
A Receita Federal também informa que o novo limite é compatível com o salário mínimo vigente em 2025 (R$ 1.412), mantendo a política de isenção para quem ganha até dois salários mínimos.
🔍 O que essa mudança realmente representa?
Apesar da boa repercussão midiática, a ampliação da faixa de isenção é apenas um passo modesto em direção à justiça fiscal. Vamos aos fatos:
✅ Ponto positivo: mais brasileiros isentos
Isentar quem ganha até R$ 2.824,00 parece uma medida sensível em tempos de alta do custo de vida. Afinal, a classe trabalhadora, especialmente os que vivem do salário mínimo, sentia na pele a defasagem da tabela, que ficou congelada por anos. Agora, mais de 15 milhões de pessoas saem da base de contribuintes — um alívio, sem dúvida.
❗ Mas… ainda é muito pouco
A defasagem histórica da tabela do IR desde 1996 ultrapassa 149% (segundo cálculos do Sindifisco Nacional). Isso significa que, mesmo com esse reajuste, muitos brasileiros que deveriam ser isentos ainda estão pagando. A promessa de isenção até R$ 5.000, feita na campanha presidencial, está longe de ser cumprida — e caminha a passos lentos.
💡 O truque do “desconto simplificado”
A tal isenção de R$ 2.824,00 só ocorre se o contribuinte optar por um desconto padrão de R$ 564,80. Isso pode não ser vantajoso para quem tem dependentes ou outros abatimentos maiores. Ou seja: a medida é parcialmente benéfica e não tão ampla quanto parece.
📉 E o impacto nos demais contribuintes?
Enquanto o foco está nos mais pobres, quem ganha acima da nova faixa de isenção continua pagando proporcionalmente mais, sem nenhuma compensação. Isso evidencia um sistema regressivo, no qual rendas do trabalho são taxadas com muito mais rigor do que rendas do capital, como lucros e dividendos — que ainda não são tributados.
🧾 Conclusão: avanço tímido e paliativo
A nova tabela do IRPF 2025 é um alívio para milhões de brasileiros, mas também uma medida que joga luz sobre uma estrutura fiscal injusta e ultrapassada. O Brasil ainda penaliza quem vive do trabalho formal e protege grandes rendas, sobretudo aquelas que vêm de aplicações financeiras e lucros empresariais.
Enquanto a reforma tributária não for mais ambiciosa, com a tributação de lucros e dividendos e a correção integral da tabela, seguiremos convivendo com medidas paliativas, que aliviam momentaneamente, mas não curam o problema.
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